sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pequena crônica de uma saudade...



Caminhava naquela cidade fria como quem caminha sobre pedras, uma cidade inteira de pedras. Em cada esquina via você, e o ar gelado do início do outono carregava seu cheiro. Em cada restaurante, praça e ponto de ônibus eu via os rastros da sua alma dilacerada, deixando para trás os sonhos agora congelados.  Em cada cartaz espalhado pela rua via seu rosto, horas sorrindo, horas chorando, horas ausente de qualquer sentimento: observando-me.

Nos sebos cheios de livros antigos via suas mãos correndo sobre as prateleiras, tateando os livros, buscando qualquer escrito que não te deixasse recordar de mim.

E quando parti dali com as luzes passando sobre os vidros da janela, minha alma também congelou, enquanto meus sonhos derretiam como pedra de gelo ao sol.

Agora estou longe da cidade, da cidade que te mantém vivo em cada centímetro do meu ser, e mesmo assim continuo ouvindo o tempo todo seus gritos dentro de mim: estou vivo, tão vivo quanto no verão passado.

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