terça-feira, 24 de agosto de 2010

Por algumas poucas vezes





Já vi pessoas reclamando

Dizendo que minutos parece uma eternidade

Por algumas poucas vezes

Desejei que elas estivessem certas

Que o relógio parasse de medir o tempo

E que tudo não fosse nada

Que o sentimento tivesse algum lógica

E que ninguém pudesse contestá-la 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Tempo (...)

Agora, não "espere ai!"
Não desperdice o minuto
Nada dura para sempre
Apenas o céu e a terra..

Isso vai embora
E todo o seu dinheiro
Não comprará outro minuto
Poeira no vento
Tudo que somos é poeira no vento”

(Dust In The Wind - Kansas)



 

Creio que existem muitas coisas engraçadas, irônicas até, que muitos olhos não podem ver. Chega a ser hilário como as coisas acontecem, como o universo conspira e tece a teia do presente, com longos fios amarrados ao passado e outros, maiores ainda, aguardando pelo futuro.

Me disseram que as pessoas das cidades grandes andam sempre com pressa porque querem dormir uns minutos a mais, brincar com os filhos um tempo a mais, terminar as tarefas do dia para poderem dormir sem preocupações. Fico pensando qual o valor monetário que as pessoas dariam a uma hora de sua vida. Não acredito que alguma delas dirá fielmente que R$30,00 é um bom pagamento.

Diante disso, ainda não compreendo como vendemos nossas vidas a empresas aonde nem gostaríamos de estar. Como aceitamos promoções para termos mais dinheiro quando o que realmente precisamos é de tempo, de amigos, da família, de nos distrair, ir ao teatro, ler um livro, ver uma dança, caminhar sem pensar em nada. Ser sem necessariamente existir. Ser sem necessidade alguma de ter.

Existem muitas coisas que ainda não entendo, algumas tem sua lógica, mas para mim continuam não fazendo sentido. É como colocar uma pena no prato de uma balança e uma pedra no outro, e jurar que a pena é mais pesada. Não porque seja, mas porque desde que chegamos aqui é isso que nos dizem.

“E de pensar nisso tudo, eu, homem feito, tive medo e não consegui dormir”  (Renato Russo)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pequena crônica de uma saudade...



Caminhava naquela cidade fria como quem caminha sobre pedras, uma cidade inteira de pedras. Em cada esquina via você, e o ar gelado do início do outono carregava seu cheiro. Em cada restaurante, praça e ponto de ônibus eu via os rastros da sua alma dilacerada, deixando para trás os sonhos agora congelados.  Em cada cartaz espalhado pela rua via seu rosto, horas sorrindo, horas chorando, horas ausente de qualquer sentimento: observando-me.

Nos sebos cheios de livros antigos via suas mãos correndo sobre as prateleiras, tateando os livros, buscando qualquer escrito que não te deixasse recordar de mim.

E quando parti dali com as luzes passando sobre os vidros da janela, minha alma também congelou, enquanto meus sonhos derretiam como pedra de gelo ao sol.

Agora estou longe da cidade, da cidade que te mantém vivo em cada centímetro do meu ser, e mesmo assim continuo ouvindo o tempo todo seus gritos dentro de mim: estou vivo, tão vivo quanto no verão passado.