domingo, 27 de junho de 2010

“Quando você acha que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”




Creio que isso faça parte do eterno aprendizado que é a vida. Quando tudo parece se encaminhar e você crê que irá ter socego por algum tempo, tudo muda e você está novamente no olho do furacão.

Não que isso me desagrade (não totalmente), mas as vezes penso que alguns dias de socego seriam ótimos. Um tempo longe do meu mar agitado, do furacão interno, do terremoto que destrói para depois ser reconstruído. Ainda assim, um tempo seria bom.

Por alguns momentos acreditei que estava tudo no seu devido lugar, e que nada era maior do que aquilo que observava – o que acreditem, já era grande demais para mim. E então, tudo muda: o que era grande se torna imensamente maior, o que era limitado se torna infinito, o que eu não via, agora vejo.

E quanto mais clara as coisas ficam, menos vontade tenho de ficar aqui. Uma batedeira e seus garfos. E eu? Bem no meio. Cada qual me arremessando em diferentes direções… uns tentando me tornar homogênea, parte da massa: indivisível. Outros, me mantendo inquebrável, totalmente heterogênea: como óleo na água.

E se fosse apenas isso! Haaa, como eu queria que fosse. Minhas verdades indivisíveis caem por terra o tempo todo, e cada vez é mais difícil acreditar que existam verdades absolutas, que tudo quanto acredito é estático. Fácil seria se assim o fosse. 

segunda-feira, 14 de junho de 2010


O ventro sopra forte lá fora. As copas das árvores balançam freneticamente, entrando em contraste com a tranquilidade da noite. Ou ao menos, com a tranquilidade que deveria haver durante a noite.

Fazia tempo que não tinha insônia, e como tornou-se costume, essa vontade louca de escrever nunca tem hora marcada para vir ou ir. Apesar dos incovenientes que isso pode me causar, é uma das coisas que mais gosto em mim, essa vontade indefinida, que horas vem, horas vai... chega sem aviso e sai sem despedidas. Dona de si mesma, rainha do meu ser, a quem confio todos os segredos que tento esconder de mim mesma.

Um amontoado de fugas que permite me encontrar, viver sem enlouquecer.




Saída de Emergência

Minha válula de escape,
A bússola do meu norte.
Uma máscara de ar,
Aquela escada de incêndio.
Todas as saídas, as tentativas de fuga, me trazem até aqui. 
Penso como seria sem o ar que transpira por essas linhas rabiscadas no meio da noite. 
Se viver é isso, respirar sem máscara de ar ou válvula de escape, nem quero pensar no que chamam de morte. 
Permaneço, sem saber por onde começar. De onde estou tudo o que sei é que não posso parar. É que não consigo. 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sexta, oba!?




Sexta-feira. Costumo gostar desse dia da semana, não por ser sexta-feira, mas por anteceder o final de semana. E quem não gosta dos finais de semana? São sempre bons, o extremo de tudo. Um final de semana pode ser extremamente divertido, extremamente melancólico, extremamente chato, extremamente extremo. Pode ser tudo ou ser nada, são os dias da semana em que mais nos permitimos fazer o que gostariamos de fazer, quando costumamos tirar as máscaras e pular o carnaval de nossas vidas. 


No rádio toca "Reboletion", linda letra. Linda música. Literalmente, pra ninguém ficar parado... dá vontade de correr. Enfim, Reboletion é bom, bom, bom bom bom. 


Deixo isso de lado e olho pela janela, plantações, casas e árvores passando rápidamente pelos vidros empoeirados. Não gosto do balanço do ônibus, me lembra longas viagens... onde o tempo se arrasta e o destino está sempre "a alguns kms". 


Agora vejo um lindo campo verde, enorme... até onde os olhos não podem alcançar. Como plano de fundo o céu azul, algumas nuvens brancas se arrastando sofridamente, estiradas ao longo do mar azul que cobria o campo. Depois disso não há mais palavras, tudo se esgota e torna-se insignificante diante da beleza que vemos diariamente, e que poucas vezes paramos para observar. Hoje é um daqueles dias em que paro para observar tudo isso, e aniquila-se em mim as palavras, degraus insuficientes para alcançar a descrição do que observo. Então abstenho-me, apenas observo. 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Nas alturas do pensamento





É tarde de feriado, estou debruçada sobre o parapeito da sacada do quarto andar. Não gosto de lugares altos, mas estar aqui em cima e olhar para baixo já não me amedronta. 

Recordo da noite passada: muito barulho, muita bebida e muitos jovens. O som ensurdecedor e as batidas fortes da música eletrônica condizem com a energia que carrega a juventude - aquela eterna vontade de mudar o mundo, que sempre é esquecida no próximo outono.

Lembro de ouvir uma frase que compunha a música tocada em algum momento daquela noite: "Somos o que há de melhor para ser". 


Somos? Pensando... sempre pensando. Concluo que a pergunta não é "você pode fazer", a pergunta é "você consegue fazer?". 


Me pergunto por que versos da década passada continuam atuais ainda hoje. Seriam os escritores daquela época "videntes" ou a massa crítica atual nada crítica? 
Por que o futuro tão citado por Renato Russo em suas músicas parece nunca chegar? O futuro de hoje será o presente de amanhã, mas que amanhã é esse que parece nunca chegar? Será que Marx estava certo? Muita teoria e pouca prática...?! Aonde se escondem os líderes do século? Porque as coisas parecem estar cada vez mais perdidas? Será preciso um ápice do caos moderno para termos um pouco de ordem? 


As vezes - para não dizer sempre - me sinto deslocada, pareço ver coisas que a maioria das pessoas não veem. Boa parte das críticas já não me encomodam, muitas vezes é preciso aceitar quem você é, e esquecer-se daquela história de que é necessário adptar-se ao meio. 
Certas pressões já não me corrompem, é preciso muito mais do que isso para alterar quem eu sou. Me sinto cada vez mais forte e segura de mim mesma. "Cuidar da minha vida" deixou de ser uma frase da adolescencia rebelde, e agora começa a fazer sentido.